sexta-feira, 16 de agosto de 2013

90 anos sem Millor Fernandes

Nesta crônica de Millor Fernandes você tem duas opções: rir ou refletir.

O piquenique das tartarugas


Uma família de tartarugas decidiu sair para um piquenique.
As tartarugas, sendo naturalmente lentas, levaram 7 anos preparando-se para o passeio.
Passados 6 meses, após acharem o lugar ideal, ao desembalarem a cesta de piquenique descobriram que estavam sem sal.
Então, designaram a tartaruga mais nova para voltar para casa e pegar o sal, por ser a mais rápida.
A pequena tartaruga lamentou, chorou e esperneou, mas concordou em ir com uma condição: que ninguém comeria até que ela retornasse.
Três anos se passaram... Seis anos... E a pequenina não tinha retornado.
Ao sétimo ano de sua ausência, a tartaruga mais velha já não suportando mais a fome, decidiu desembalar um sanduíche.
Nesta hora, a pequena tartaruga saiu de trás de uma árvore e gritou:
- Viu! Eu sabia que vocês não iam me esperar. Agora que eu não vou mesmo buscar o sal.
Pense bem! Algumas vezes em nossa vida as coisas acontecem da mesma forma.
Desperdiçamos nosso tempo esperando que as pessoas vivam à altura de nossas expectativas.
Ficamos tão preocupados com o que os outros estão fazendo que deixamos de fazer o que nos compete.
Como disse Mário Quintana: O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
Por isso, vivamos nossa vida e deixe de se preocupar com a opinião e o interesse dos outros por nós.

Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que deixei de lutar!


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Trechos do livro A Hora Da Estrela de Clarice Lispector

“... o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é resposta a meu – a meu mistério”.

“Se tivesse a tolice de se perguntar ”quem sou eu?” cairia estatelada e em cheio no chão. É que “quem sou eu?” provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto”.

“... minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Embora não agüente bem ouvir um assovio no escuro, e passos”.

“... quero aceitar minha liberdade sem pensar o que muitos acham: que existir é coisa de doido, caso de loucura. Porque parece. Existir não é lógico”.

“É melhor eu não falar em felicidade ou infelicidade – provoca aquela saudade desmaiada e lilás, aquele perfume de violetas, as águas geladas da maré mansa em espumas pela areia. Eu não quero provocar porque dói”.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Encontros e Despedidas... Milton Nascimento e Fernando Brant

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

quarta-feira, 26 de junho de 2013

UM CERTO CAPITÃO RODRIGO- Érico Veríssimo

Quando Rodrigo Cambará surge no povoado de Santa Fé, em outubro de 1828 - a cavalo, chapéu caído na nuca, cabeleira ao vento, violão a tiracolo -, parece chamar encrenca. Com a patente de capitão, obtida no combate com os castelhanos, é apreciador da cachaça, das cartas e das mulheres. Homem de espírito livre, não combina com os habitantes pacatos do local, mantidos no cabresto pelo despótico coronel Ricardo Amaral Neto.
Mas depois de conhecer Bibiana Terra, nada convence Rodrigo a arredar o pé da aldeia. Nem a aspereza de Pedro, pai de Bibiana, nem a zanga do coronel, que não vê com bons olhos os modos do capitão. Nem mesmo o fato de a moça ser cortejada por Bento Amaral, filho de Ricardo. Voluntariosa, Bibiana desconfia das intenções do forasteiro. Rodrigo, porém, está apaixonado por ela e quer casar-se. Como ele mesmo diz, não tem medidas, "é oito ou oitenta". Para o capitão Cambará, é matar ou morrer, num descomedimento que sugere o descortinar de uma crise anunciada.

Descrente dos valores prefixados, sejam eles impostos pelo governo ou pela Igreja, Rodrigo é insubordinável: "Se Deus fez o mundo e as pessoas, Ele já nos largou, arrependido". Personagem multifacetado, ora simpático ora cruel, revela o poder de Erico Verissimo de criar figuras cativantes. Extrato da trilogia O tempo e o vento, Um certo capitão Rodrigo mescla à ficção fatos da história brasileira, como a Revolução Farroupilha. Foi lançado, ainda em vida do autor, como romance à parte, dotado que é de vigor e encantamento próprios.

terça-feira, 25 de junho de 2013

A bela do dia... Clarice Lispector



"Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer o que quero.
Tenho felicidade o bastante para fazê-la doce dificuldades para fazê-la forte,Tristeza para fazê-la humana e esperança suficiente para fazê-la feliz.As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas,elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos."
Clarice Lispector

sexta-feira, 21 de junho de 2013

E para a sexta chuvosa..." Motivo" da nossa Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Os Sofrimentos do Jovem Werther- do escritor alemão Johan Wolfgang Von Goethe

Um dos primeiros livros de Goethe, provavelmente de caráter autobiográfico, este romance caracteriza-se por seu teor epistolar, pois se trata da reprodução de cartas que o Jovem Werther teria escrito ao narrador por muito tempo. A obra, narrada na primeira pessoa, com economia de personagens, tem em suas notas de rodapé a indicação de que nomes e locais foram substituídos por dados fictícios, o que contribui para que se acredite na transposição das emoções e sofrimentos do próprio autor para as páginas deste livro, apenas com algumas modificações, principalmente no final.
Goethe, como Werther, também fora vítima de um amor não correspondido; sentira-se igualmente dominado por emoções incontroláveis e avassaladoras; mas o escritor, ao contrário de seu alterego, não opta pelo suicídio. O personagem, vencido pela força de seus sentimentos por Charlotte que, insensível às suas emoções, se casa com Alberto, sucumbe e, pedindo à própria amada que lhe forneça as armas do marido, atira em sua própria cabeça, buscando assim o fim de seus sofrimentos.
A narrativa de Goethe é tão intensa que, na época, muitos suicídios juvenis ocorreram por todo o continente europeu, levando alguns governantes a tentarem até mesmo censurar a leitura deste livro. Werther se tortura por não esquecer Charlotte, mesmo depois de seu matrimônio. Ele tenta viver em outro local, mas nem a distância lhe traz o esquecimento. Por outro lado, seu rival nutre intenso ciúme dele, o que o perturba ainda mais, pois sente que está provocando constrangimentos ao casal. O jovem decide então se afastar definitivamente.
A descrição do último encontro de ambos é pungente. Ele declama em alta voz os Cantos de Ossain para sua Charlotte. Os dois se emocionam e se beijam, mas ela o rejeita e exige que ele desapareça de sua vida. Werther vai embora consciente de que é correspondido, mas também ciente de que não há esperança para eles.
É neste momento que ele decide caminhar pelas veredas da morte. Com este gesto o autor revela toda a intensidade, eventualmente destrutiva, do amor propagado pelo Romantismo, com suas opções por uma válvula de escape, muitas vezes representada pela morte voluntária.
Além de Werther, Charlotte e Alberto, o enredo abriga em sua trama o editor, que teria ordenado as cartas do jovem suicida; e Guilhermine, amigo do protagonista, para quem as epístolas eram normalmente enviadas.
Goethe pôde, então, através desta obra, extravasar seus próprios sofrimentos, as condições de sua alma, expressando os tormentos que afetavam o seu emocional. Assim ele empreende a catarse de seus sentimentos, libertando-se deles por meio da expressão artística.

Postagens populares